Confira as artes selecionadas para a campanha #Acolha.NãoPuna 2020

6 de julho, 2020 Plataforma PBPD Permalink

Este ano, a PBPD se uniu à Cultive, ao Centro de Convivência É de Lei e à Escola Livre de Redução de Danos para promover a campanha ACOLHA. NÃO PUNA no Brasil.

Realizamos em junho um webinário especial para falar da campanha sob a perspectiva do coronavírus e prisão: liberdade é uma questão de saúde pública. Participaram do debate: Emiliano David, Henrique Apolinário, José Luiz Ratton, Rossana Rameh e Tricia Calmon. A mediação foi de Luís Fernando Tófoli. Assista no Facebook e no Youtube.

Também participamos de uma live para apresentar as organizações que fizeram parte da campanha no Brasil. A Cultive, representando todas essas organizações, incluindo a PBPD, ainda realizou uma live com as organizações apoiadoras: Cia. Pessoal do Faroeste, Reforma e Renfa.

A PBPD também participou do III festival Apoye, No Castigue, realizado no México, para trocar ideias sobre a campanha nos dois países. O Brasil foi representado por Janaina Rubio Gonçalves, da Cultive.

Ainda, pensando em apoiar a produção de material de divulgação para a campanha de alcance nacional e internacional, buscamos fortalecer o trabalho de artistas independentes que estão passando por situações de privações econômicas no período de pandemia, tendo aberto uma chamada nacional para proposição de trabalhos com o tema Acolha. Não Puna. Estes foram os trabalhos selecionados:

 

Sobre a artista: Bea Lake é resistência em traços, cores e texturas. Impulsionada pela complexidade das relações humanas, Bea Lake promove diálogos através de ilustrações que proporcionam momentos reflexivos e de autocompreensão. A mescla de técnicas manuais e digital, refletem a pluralidade da artista e designer, que acredita na rua como ambiente de comunicação direta com as pessoas, cola lambe-lambe e stickers pelas cidades que passa a fim de despertar uma percepção de conexão corpo e espaço. Todos esses materiais e processos se unem em uma sinergia gráfica expressiva, que milita o ecofeminismo e as formas plurais de amor.

Sobre a arte: A duvidosa “política de guerra às drogas”, marginaliza e causa um abismo ao acesso à verdadeiras informações. É preciso contribuir na produção de imagens que fortaleçam outros imaginários sobre o uso de substâncias. A proposta da arte que, tem como base a luta ecofeminista, defende-se a legalização da cannabis e a autonomia do cultivo, que reduz intermediadores e permite que o usuário tenha conhecimento e qualidade no que costuma ingerir, a planta natural conecta ao cuidado e reduz uma série de riscos à saúde.

 

Sobre o artista: Multiartista pernambucano de 25 anos, Carlos Santos ou SANTTO (como assina suas obras), produz trabalhos nas linguagens musical e visual. Designer gráfico autodidata desde os 15 anos, imprime em suas peças sentimento e expressão, sendo quase sempre trabalhos que convidam o expectador a pensar sobre temas relevantes para a sociedade. Além de artista, Carlos é psicólogo e atua na disseminação de conhecimento acerca de gênero e sexualidade com enfoque na população LGBTQ+, a qual integra sendo um homem Gay. Constrói a Marcha da Maconha Recife e segue junto na luta contra à Guerra às drogas, o racismo e a LGBTQIfobia.

Sobre a arte: CistemaDeControle. Na ilustração digital selecionada no Edital Acolha. Não Puna 2020, Santto tem por objetivo contar um pouco da história do próprio Sistema de Controle de Drogas à medida que evidencia suas falhas que estão ancoradas numa visão classista e racista de sociedade. Escreve CIStema, demarcando o eixo de identidade de gênero, uma vez que pessoas TRANS não participam da construção desta instância reguladora e também não são pensadas dentro da mesma. A ilustração representa o tal CIStema como uma máquina quebrada, ultrapassada e que precisa urgentemente de reforma. Demarca também as convenções que embasam o atual CIStema de controle de drogas, sendo a última realizada em 1988. Por fim, pessoas usam substâncias e, ao deliberar sobre substâncias, o CIStema de Controle de Drogas delibera também sobre estas pessoas. Pensando nisso, o artista insere em sua ilustração o recorte de raça, demonstrando como as diretrizes da instância reguladora contribuem para a manutenção do Racismo estrutural, exclusão social e estereótipos acerca de pessoa usuárias de drogas.

 

Sobre o artista: Cassiano ou Cassicobra (como também costuma assinar) é um artista natural de João pessoa/PB, e que já enveredar pelos campos da militância antimanicomial há cerca de dez anos. No seu trabalho ligado as artes visuais dialoga sempre com a arte urbana(lambes e adesivos na maioria das vezes) e com os conceitos de ancestralidade, modernidade,cultura pop e espiritualidade.

Sobre a arte: Os trabalhos realizados para o acolha não puna são lambes que o artista se propõe a colar pela cidade de João pessoa (e que outras pessoas podem fazer também) e trazem ideias ligadas a redução de danos, antiproibicionismo e luta antimanicomial somadas a uma estética visual que remete aos graffitis dos anos 80 e aos quadrinhos, com letras coloridas e personagens de outros planetas/dimensões que independente de cor, formato de corpo e demais peculiaredades necessita respeito, cuidados e acolhimento.

 

Sobre o artista: Michel Fernando Xavier é Psicólogo Pós Graduado em Psicossociologia da Juventude e Políticas Públicas, Ator e Cofundador da Companhia de Teatro Flor do Asfalto, iniciou sua trajetória artística aos 16 anos escrevendo poesia, aos 25 integrou o coletivo Os Mesquisteiros e por 3 anos participou de Saraus em escolas, Sescs e eventos como a Virada Cultural. Em 2016, aos 28 anos deu início a trajetória como ator, participando de oficinas de teatro na Casa de Cultura Raul Seixas, posteriormente no Instituto Reação Arte e Cultura, período em que foi também Conselheiro Gestor na Casa de Cultura Raul Seixas. Ao longo dos últimos anos participou de diversas formações com atores, diretores, artistas, coletivos e companhias teatrais, entre elas: vivência de Teatro do Oprimido com Licko Turle e o coletivo O Buraco d’Oráculo, participou ainda da última montagem do espetáculo A Olaria de Jackson do Pandeiro, da Companhia Teatro da Investigação – C.T.I. sob a orientação artística de Ednaldo Freire; participou também da oficina de Teatro Realista sob direção de Jean Dandrah e realizou oficina de literatura de cordel com o cordelista João Gomes de Sá.
@Michel Xavier (Facebook)

Sobre a arte: O escritor nordestino Graciliano Ramos certa vez disse que “a palavra foi feita para dizer e não para reluzir como ouro”. Inspirado nessa máxima e na literatura de cordel que é tipicamente nordestina, o poema escrito diz, fala e faz pensar. De uma forma solta, quase que cantada o poema (que não é cordel, mas quase) nos traz a reflexão sobre a importância de Acolher e não Punir, afinal como diz o próprio poema: “O caso aqui retratado / é exemplo a se olhar / é saúde, é social / não é de se policiar…”

 

Sobre a artista: Jaqueline Ribeiro é poeta, assistente social, militante e resistência só por estar viva.

 

Sobre a artista: Nathielly é do corre desde os 14, rueira da selva de pedra zona leste de nascença. De arte em arte, ela enche o papo, do teatro aos saraus de slam a cinema. Em paralelo a tudo isso, é agente de redução de danos há 4 anos, atualmente trabalha no Centro de Convivência É de Lei. Colhe flor onde tem pedra, é graduanda em pedagogia, que não é só creche é processo do ensino-aprendizagem. Se descobriu poeta quando já era poesia, a escrita sempre foi grito, seja de socorro ou esporro, mas nunca esporte. Participou da Coletiva Juntas na Luta, integrando o Sarau Feminista na Biblioteca Cora Coralina, entre outras produções e participações em iniciativas poéticas, de teatro e literatura. Foi coordenadora editorial do Foto Livro “Arte e Cultura na Kebrada”. Também é autora do livreto “Florescer” e autora publicada na antologia Slam Rachão Poético Copa Mundão de Poesia. No audiovisual, foi diretora de arte do curta-metragem “Saudade”. De juntas na luta à luta individual, à amor de flor e florescer, ela ainda é semente.

 

Sobre o artista: Artista visual, atua no campo da resistência cultural seja no registro (audiovisual) e reviramento da cultura popular seja na reutilização desses ícones em seus trabalhos em artes plásticas e performance.

Sobre a arte: Se inspirou nos cartazes russos e vermelho e preto, cores da guerra, o estilo da ilustração é um tipo de literatura medieval, os emblemas, imagens sabias em que o texto ilustrava a imagem, gerando uma potencialização nos símbolos.

 

Sobre a artista: Pintora – Nayara Nefertiti

Sobre a arte: Projeto Quadro Vaso Nagô, A Cura das Folhas Sagradas. Tela 20×30 Técnica Mista, inspirada na Xilogravura Pernambucana e Literatura de Cordel.

 

Os e as artistas foram selecionadas por todas as organizações participantes da campanha. Recebemos 17 propostas, sendo que em 16 delas foram solicitadas bolsas de auxílio financeiro:

 

 

Para selecionar as oito pessoas contempladas, foram levados em consideração, além da proposta artística, uma série de critérios, a partir das perguntas do questionário de inscrição. Alguns deles se basearam em dados como gênero, raça e cidade onde mora, culminando no seguinte resultado: