A Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) realiza hoje, às 19h, na sede da Cia. Pessoal do Faroeste, no bairro da Luz, em São Paulo, o Cinedebate gratuito “As incoerências da proibição”. No evento, serão exibidos dois curtas-metragens produzidos pelos Núcleos de Ação da PBPD em 2018. Para a discussão, estão confirmadas as presenças do rapper Edi Rock, do Racionais MCs, Cidinha Carvalho, da Cultive Associação Cannabis e Saúde, Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, do Rio de Janeiro, a historiadora Luísa Saad, da Bahia, e Zoraide Vidal, da Associação Mãe de Polícia.
O primeiro filme, “Estado de Proibição”, foi idealizado pelo Núcleo de Cannabis da PBPD e produzido em parceria com a Panamá Filmes. O curta traz a história de mulheres que desafiam a lei para cultivar maconha para o tratamento de seus filhos e, na outra ponta, mulheres que perderam seus filhos pela violência (sobretudo a de Estado) associada à proibição das drogas.
O segundo vídeo, narrado pelo rapper Edi Rock, é uma animação produzida pelo Núcleo de Violência e Encarceramento da PBPD, em parceria com a Alma Preta, que denuncia a seletividade do sistema de justiça nas interpretações legais sobre o que é uso e o que é tráfico de drogas — e o efeito imediato disso no Brasil: o encarceramento em massa.
O debate contará com a presença de duas ativistas e personagens do filme “Estado de Proibição”: Cidinha Carvalho, da Cultive, e Zoraide Vidal, da Associação Mãe de Polícia. Em 2016, Cidinha conseguiu na justiça o direito de cultivar maconha para o tratamento de sua filha, diagnosticada com síndrome de Dravet. Ela foi uma das primeiras do país a conseguir o salvo conduto para o plantio e, hoje, sua associação promove cursos gratuitos de produção do óleo à base de cannabis para pacientes da erva. A segunda participante é Zoraide Vidal, cuja filha, policial militar, foi executada em uma comunidade no Rio quando ainda estava grávida. Atualmente, Zoraide está à frente da Amapol, que busca apoio para famílias que perderam os agentes.
Além do rapper Edi Rock, que narrou de forma colaborativa a animação sobre guerra às drogas, participam também do debate Raull Santiago, que, à frente do Coletivo Papo Reto, denuncia os abusos e violações de direitos cometidas por policiais militares em comunidades cariocas. O ativista também faz parte do grupo Movimentos, formado jovens moradores de favela no Rio de Janeiro que defendem a reforma da política proibicionista. Por fim, Luísa Saad, historiadora e membro da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas, é autora do livro “Fumo de Negro”, que discute o uso da maconha no pós-abolição.
Sob a mediação do jornalista da Alma Preta, Pedro Borges, os cinco participantes discutem, a partir de suas vivências, os efeitos da proibição das drogas no Brasil, como o encarceramento em massa, o aumento da violência atrelada à política de combate ao tráfico, a falta de pesquisas para a criação de alternativas terapêuticas e a criminalização e estigmatização de usuários de drogas.