Em sua mais recente edição, a revista Lancet, uma das principais publicações do campo médico mundial, publicou um editorial a respeito da urgência de se pensar novos paradigmas no campo da política de drogas. Partindo do pressuposto que o consumo de drogas ilícitas está associado a uma série de malefícios e consequências, os editores sustentam que há pouquíssimas evidências científicas de que a criminalização seja capaz de diminuir esses danos. Pelo contrário, está bem demonstrado como a própria criminalização está associada a danos não apenas aos usuários; a produção e o tráfico de drogas respondem por altos níveis de violência em diversas partes do globo.
O editorial defende que os governos devem dar ainda mais importância ao tema do uso de drogas, mas com o objetivo de mitigar danos, não aumenta-los. A guerra às drogas, uma herança negativa do século XX, é comparada pelos editores, metaforicamente, à estupidez que levou à Primeira Guerra Mundial. A poucos meses da Reunião Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre drogas (UNGASS), o editorial da Lancet é mais uma importante contribuição para a urgente mudança de paradigma na política de drogas.