Comissão do Senado discute projeto sobre cultivo de maconha para fins medicinais

19 de junho, 2018 Plataforma PBPD cannabis maconha medicinal Permalink

Audiência pública acontece em semana marcada por avanços na política de drogas mundial

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) debaterá amanhã (20), a partir das 9h, o cultivo de maconha para fins terapêuticos, previsto no Projeto de Lei do Senado nº 514. O projeto original (SUG 25) previa a regulação do autocultivo também para fins sociais e foi proposto por um cidadão, contando com apoio de mais de 120 mil pessoas no portal e-Cidadania. Hoje está sob a relatoria da senadora Marta, que solicitou a realização da audiência pública.

Dividida em duas mesas, a audiência pública começará discutindo caminhos e alternativas para a legalização da maconha. São convidados para o debate Renata de Morais Souza, gerente de Produtos Controlados da ANVISA; Luís Fernando Tófoli, psiquiatra e professor da Unicamp; Renato Filev, neurocientista do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid); Margarete Brito, coordenadora da Associação de Apoio à Pesquisa e a Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi); e Cidinha Carvalho, presidente da Cultive – Associação de Cannabis e Saúde.

A segunda rodada discutirá educação, prevenção e uso de maconha entre adolescentes com Andrea Gallassi, professora da UnB, Felipe Felisbino, coordenador-geral de Educação Ambiental e Temas Transversais da Educação Básica do Ministério da Educação; João Paulo Becker Lotufo, representante da Sociedade Brasileira de Pediatria nas ações de combate ao álcool, tabaco e drogas; Alberto José de Araújo, pneumologista, membro da Comissão de Tabagismo do Conselho Federal de Medicina e da Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira.

Avanços Brasil afora

A audiência pública acontece em meio a avanços na política de drogas de Portugal, Canadá e Reino Unido, que vêm discutindo a regulação do mercado de maconha em seus respectivos países. No dia 15 de junho, Portugal aprovou a regulamentação de maconha para fins medicinais. No dia 18, o parlamento canadense avançou em mais uma votação do projeto que pode transformar o Canadá na primeira nação do G7 a legalizar a cannabis. O Reino Unido passou a discutir seriamente a regulamentação após a divulgação do caso de Billy Caldwell, um menino de 12 anos que precisa de cannabis para tratar epilepsia. O Partido Trabalhista, de oposição, já anunciou que apoiará proposta do governo que regulamente a maconha e um grupo de especialistas já foi designado para elaborar uma proposta.

Autocultivo no Brasil

Apesar de ilegal, o cultivo doméstico de maconha foi a alternativa encontrada por pacientes que não podem importar medicamentos à base de cannabis: o processo para trazer os produtos de fora é burocrático, longo e o custo pode superar R$ 2 mil. “A vida não espera. Tivemos casos de pacientes epiléticos em que o SUS interrompeu o fornecimento e quase vieram a óbito. Outros casos graves, com centenas de crises diárias, recorrem ao mercado ilegal como última alternativa”, afirma Margarete Brito, da Associação de Apoio à Pesquisa e a Pacientes de Cannabis (Apepi).

Por isso, movimentos liderados por pacientes de cannabis vêm acionando a Justiça para que seus tratamentos não sejam encarados como tráfico de drogas. Hoje no Brasil foram aprovados apenas 17 salvos-condutos para plantar maconha para fins medicinais. São os chamados habeas corpus preventivos, que já foram concedidos para casos de epilepsia refratária, câncer e Mal de Parkinson.