Introdução ao Associativismo Canábico é a nova publicação do Núcleo Cânabis da PBPD

25 de novembro, 2020 PLATAFORMA PBPD Permalink

A proibição da maconha para fins terapêuticos foi um erro histórico, sem embasamento científico e de efeitos sociais adversos como a violência e a opressão direcionadas para a sociedade em geral, principalmente às pessoas negras ou pobres residentes de regiões de vulnerabilidade social. E, na esteira deste erro, conhecimentos tradicionais sobre as propriedades da planta vem sendo desperdiçados.

Partindo desta premissa e propondo a criação de associações canábicas como alternativa ao mercado lícito das farmacêuticas, do crime organizado e ainda como estratégia para a garantia de saúde e direitos humanos, a Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) lança, nesta quinta-feira (26/11), a Introdução ao Associativismo Canábico, primeiro conjunto de textos em português sobre o tema. A novidade estará disponível para leitura e download gratuitos no site da PBPD.

Organizada pelo historiador Rafael Morato Zanatto, a publicação se divide em duas partes. Na primeira, intitulada Discursos Antiproibicionistas, o fenômeno mundial do associativismo canábico é abordado do ponto de vista acadêmico, revisitando a história e os modelos de organizações canábicas existentes em diversos países. Assinam os textos cientistas renomados como Elisaldo Carlini, Florencia Corbelle, Frederico Policarpo, Marcos Veríssimo e Ricardo Nemer, além do próprio organizador.

“O associativismo canábico é a única forma de garantir o acesso à cânabis e seus componentes de maneira autônoma, coletiva e economicamente viável”, afirma Renato Filev, coordenador científico da PBPD. “O livro traça um panorama de essencial compreensão àqueles que buscam resgatar os conhecimentos tradicionais sobre a cânabis, acessar suas propriedades terapêuticas e retomar o protagonismo na escolha de uma terapia. É um convite à mobilização de todas e todos que buscam democraticamente assegurar direitos à saúde, ao lazer e à qualidade de vida”, completa Zanatto.

Práticas Transformadoras, segunda parte da Introdução ao Associativismo Canábico, reúne informações sobre iniciativas no Brasil e sobre como é possível participar do processo. Assim como em outros países da Europa e da América Latina, o Brasil já conta, atualmente, com pelo menos 30 associações canábicas formalizadas. Estas entidades têm se mobilizado para participar da elaboração de uma nova política de drogas que contemple as demandas da sociedade civil e propõem amplo acesso à cânabis para fins terapêuticos e sociais.

LANÇAMENTO

Na próxima quinta (26/11), às 20h, o webinário Associativismo Canábico no Brasil marca o lançamento da nova publicação do Núcleo Cânabis da PBPD, Introdução ao Associativismo Canábico. Participam Cidinha Carvalho (Cultive), Luciana Surjus (Observatório de Medicamento e Outras Drogas da UNIFESP), Lucas Seara (OSC Legal), Rafael Morato Zanatto (organizador da publicação) e Sidarta Ribeiro (UFRN). A mediação é de Renato Filev, coordenador científico da PBPD. A transmissão acontece via YouTube e Facebook da PBPD.

SOBRE A PBPD

A Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) é uma rede nacional que busca debater e promover políticas de drogas fundamentadas na garantia dos direitos humanos e em evidências científicas, na redução dos danos produzidos pelo uso problemático de drogas e pela violência associada à ilegalidade de sua circulação, bem como na promoção da educação e da saúde pública. Composta por mais de 50 entidades, nasceu da necessidade de unir, em rede, especialistas e organizações que se dedicam a estudar e a promover a reforma da política de drogas em suas diversas frentes: saúde, segurança pública, acesso à justiça e direitos humanos.

 

Sobre o organizador

Rafel Morato Zatto é historiador, mestre e doutor em história pela UNESP – FCL Assis. Foi formador na Incubadora de Cooperativas Populares (UNESP, 2007-2009), pesquisador associado ao Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (2013-2019), sócio-fundador da Associação Cultural Canábica de São Paulo – ACuCa e editor do jornal Cannabica – Queimando Mitos Acendendo Fatos. Integrou a organização do IV Simpósio Internacional da Cânabis Medicinal (2014) e do V Simpósio Internacional Maconha, Outros Saberes (2017). Organizador do livro Quem disse que eu não diria (2017), de Elisaldo Araújo Carlini. Como pesquisador de história do cinema, atuou na Cinemateca Brasileira e realizou estágios de pesquisa na Cinémathèque Française, sob supervisão de Michael Löwy, e na Deutsche Kine- mathek, sob supervisão de Erdmut Wizisla. Atualmente, faz pós-doutorado na Escola de Comunicação e Artes – ECA-USP (FAPESP).

 

ARTE CAPA: LUIZA NUNES